Zzzzzum, e aqui estou eu de novo, flutuando pelas ruas sem
conseguir conter o êxtase que escorre pelo corpo todo. Meus poros se abrem a sorrir,
meus ossos, meus músculos, meu sangue sorri, e tudo nasce e vive e pula para
mim, tudo é novo, mesmo que não seja, e o mundo cresce correndo enquanto eu
passo por ele vidrada em cada centímetro. Tudo é insuportavelmente
interessante, tudo invade e satisfaz de dentro pra fora. Estou transando com a
vida a cada esquina que atravesso, e acertam-me mil espadas a cada passo que
dou. As lâminas penetram meus tecidos até o fim, estabelecendo um contato pleno
que esquenta suas gélidas superfícies. Sangro se não sangro, mas já não tenho
ferida alguma, ando de mãos dadas com o sentimento de que vivo, sentimento que
começa me inflando por dentro, até transbordar pelo corpo todo. Primeiro sai
pelos olhos, e esses olhos sempre famintos não precisam de muito pra saírem
devorando amor afora. Já não me cabem mais sentidos que não possa só sentir,
nem vida sem que me matem de amor. Sangro, sangro, sangro, sangro por que amo,
e amo porque vivo.
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