verdades à queima-roupa
Vago
pelas ruas à procura de alma, e acabo sorrindo aos egos.
É tarde demais
no copo vazio do bar da esquina para que minha boca saiba distinguir
uma boa conversa sobre verdade. Ela segue falando, meus olhos fingem que
encontram, e eu finjo que acredito. Ou vai ver acredito mesmo... Quem
nunca confundiu cavalos com centauros, passadas algumas doses de
excesso? Um brinde à mitologia embriagada, e outro, até que no dia
seguinte os livros se fecham.
Atenta, me vejo já dentro do jogo. Um
nonsense caminhar de seres, tapas de luva, canto dos olhos, metralhando a
verdade à queima-roupa. Roupas que são armadura atrativa ao olhar e
palavras vazias que só querem encher. Inflar. Relações para empanturrar
por fora, e que dispensam a penetração. Brincadeira púbere de vai-e-vem
que sacia como o ir e vir frenético da carne mordida no fim da foda
demorada. Oscilando até no movimento de oscilar. Carapuças andando de
mãos dadas, e fugindo pra lados opostos. Satisfação programada do desejo
de sentir-se desejado. Tirar os corpos fora, cuidando sempre pra não
pôr coisas demais pra dentro. A cretinice de querer do outro apenas a
afirmação de si mesmo. Dois tiros no mesmo coração.
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