Não temos tempo a perder?

Parei pra pensar, ou pensei pra parar o ritmo acelerado do que tenho sentido. Percebi que o tempo é uma grandeza relativa. Ah, foda-se a exatidão! Percebi que ele é mesmo imensurável. A gente até tenta: divide horas, minutos, dias, meses, anos - e acaba sempre "sem tempo" pra nada -. Parece que o maldito foge, se esconde, anda na ponta do pé e passa de fininho. Quando o encontramos já se foi a semana, e quando finalmente o agarramos já se foram uns bons anos. Há também quem viva sem ter o tempo, sem ter tempo... E apenas no seu enterro sinta os segundos sapecas brincando de esconde-esconde atrás das lápides. Pensando bem, eu sei quanto é um segundo porque assim diz o relógio que não faço questão de usar. Mas quanto a mim, como eu sinto os segundos? Quanto é um segundo pra mim? O QUE É um dia? Um mês? As respostas estão no esforço que eu faço pra vender os ingressos do cinema onde o tempo está passando. Eu não vou mais sentar e assistí-lo.
Vou ditar meu próprio tempo, contar minhas próprias horas, e fazer delas dias, segundos ou até meses.

Sabe aquele sentimento clássico "Nossa, nem parece que passou um semestre...", acabo de jogá-lo fora. O que é um semestre mesmo? Que estas noções práticas se mantenham nas práticas burocráticas dos meus dias (ou segundos, ou meses...). Dentro de mim, o tempo não vai só passar. Sinto que o tenho, e farei bom uso. Vou contá-lo através de acrécimos. Cada coisa que me constrói, destrói e reconstrói marcará minha divisão baseada na intensidade. A partir disso seguirei a minha busca por eu mesma, deixando de lado aquele sentimento de "tempo perdido".
Eu decido quando um dia se acaba em mim. Eu tenho o meu próprio tempo.