Arte;

Há dias que não escrevo. As letras transbordam da minha alma a cada minúsculo –quase imperceptível- espaço de tempo, a cada relance de vida que passa quando pisco meu olhar assustado... E foge de mim a capacidade de fitá-las de modo que possam expressar o que não seja sinônimo de confusão, e não cause agonia.
Sabe... tanta coisa se sucede ao mesmo tempo. À medida em que meus passos fluem pelas ruas percebo as quantidades, travo na diversidade, agonizo na multiplicidade e enlouqueço na impossibilidade de focar tudo ao mesmo tempo –de focar a vida por inteiro. Quiçá pudesse eu estar em todos os segundos que passam paralelamente aos meus.
Tantos ares -e tantas datas- são expirados. Tantas folhas –e tantas pessoas- caem. Tantos gestos –e tantas luzes- acendem e apagam. Tantos tantos tanteiam ao meu redor, e me paralisam... Paralisam-me de uma paralisia consciente, mas irremediável enquanto decide existir. Encontro-me –ao fitar o espelho- atônita. Não porque não desejo fazer coisa alguma, mas sim porque meu desejo de tudo fazer chegou no seu limite...
Encontrou-se com a realidade, uma moça que vive só.